“Foi uma gritaria na varanda, um corre-corre entre as moças, e dentro de alguns minutos eis que apareceu dona Eugênia, uma morena alta, de cabelos encaracolados e corpo escultural, proprietária de uns cuidadosos 45 anos. Ela, como toda boa dama, veio até a porta receber o cliente e o levou para a melhor suíte, ou seja, o seu quarto. Jean parecia um animal, queria sexo de imediato e se mostrava muito nervoso. Mas a anfitriã do bordel, que já sabia lidar com todo tipo de homem, logo conheceu que ele escondia algo e começou, aos poucos, o questionamento. Este era um método que ela usava nessas ocasiões: os homens desabafavam e acabavam pagando mais caro pelas horas de consolo. Até que, em um determinado momento, Jean não aguentou e se abriu com dona Eugênia. Ele contou praticamente todo o seu drama.”
* Quarta capa de A última volta do ponteiro, Adriano Portela, Ed. do Autor, 2011.
** Adriano Portela é jornalista, escritor, professor universitário, cineasta e produtor cultural. Blogs: www.escritorioliterario.blogspot.com e www.portelafilmes.blogspot.com